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Textos

Um dia de cão.

               Eu realmente não devia ter saído da cama hoje. Primeiro acordei tarde por causa da porra do despertador que quebrou. Chego na cozinha pensando que vai ter pelo menos um café para tomar e descubro a viciada da minha mãe caída em cima da mesa, babando ao que parece, ainda com a agulha enfiada na veia. Pior é que nem posso ligar para a polícia senão o vagabundo do amante traficante dela vai achar que eu entreguei o puto. Vai ser o pretexto perfeito para ele acabar comigo. E de brinde ainda vai me estuprar antes, afinal de contas aquele babaca toda vez que está com a minha mãe fica me secando dizendo para minha mãe que ela soube me fazer. Soube me fazer o caralho, seu merda. Melhor ir para o trabalho. Alguém pode pensar que sou insensível, vendo minha mãe daquele jeito ali e não fazendo nada. Na verdade eu não me preocupo mais com ela. Só sinto indiferença e ponto. Vou para o trabalho.
               Por conta de ter acordado tarde me arrebento. Primeiro ônibus lotado, depois metrô lotado, chego no trabalho com uma hora de atraso e fedorenta de tanta suvacada que tomei. Ninguém merece. Sento na minha mesa para tentar começar a trabalhar e a vadia da Fátima, a secretária comidinha do diretor vem com aquela vozinha de “tá fudida vaca” me dizer que o diretor quer falar comigo. Fudeu. Olho para a vadia e vejo a felicidade em seu olhar. Fudeu duas vezes. Entro na sala do diretor e ele manda sentar-me. Começa, como sempre, com aquele papinho mole sobre sermos uma grande equipe, que todo mundo tem que funcionar como uma engrenagem perfeita, e bla bla bla, bla bla bla, bla bla bla. Mando ele ir direto ao ponto. Ele me olha espantado, pois nunca falei assim com ele, mas hoje não estou para gracinha. Ele me diz para mudar meu tom de voz que ele é o diretor. Mando ele tomar no cú. Fudeu três vezes agora. Ele pisca incrédulo e pergunta “como é?”. Eu respondo com toda calma do mundo. Vá. Tomar. No. Seu. Cú. A resposta que eu imaginava veio. Está demitida, pode passar no rh. Levanto calmamente, dou a volta na mesa com cara de puta, daquelas bem lascivas e ele pensa que vou dar a ele o que ele sempre quis, a oportunidade de me comer. Me abaixo até estar cara a cara com ele, puxo o catarro lá do fundo da garganta e cuspo tudo nos cornos dele. Acabo levada para a calçada pelos seguranças da empresa com uma justa causa na conta. Bela atitude a minha, péssimo resultado. Melhor voltar para casa.
               O caminho de volta acaba sendo tranquilo. Porra o que eu queria também, volto para casa todo dia as cinco da tarde num trânsito infernal, hoje estou voltando demitida as onze da manhã, só podia estar tranquilo o trânsito e a condução. O problema é que o pior ainda está por vir. Chego em casa e encontro o traficante amante da minha mãe com mais dois comparsas. Ele me vê e pergunta o que houve com ela. Eu digo que foi a merda que ele traz para ela todo dia que fez isto. Ele manda eu ver lá como falo com ele. Não to podendo hoje. Dou para ele a mesma resposta que dei pro diretor. Vai tomar no seu cú. Ele não tem a reação do diretor. A reação é pior. Mete um soco na minha cara e pelo barulho e dor que sinto, quebrou meu nariz. Eu caio no chão e ele aproveita. Monta em cima de mim, arranca minha roupa, abre minhas pernas e me deflora. Sempre pensei que o dia que eu fosse estuprada minha vida acabaria. E realmente acabou. Eu renasci. Os dois comparsas dele também me estupram. O terceiro a me comer ainda resolveu botar atrás. Nunca senti tanta dor na vida. Só que este cometeu um erro grave. Ele deixou sua faca e sua arma do meu lado. Como eu disse, o estupro me fez renascer. Depois que ele terminou de colocar atrás eu gemi pedindo para ele fazer de novo. Ele não entendeu. Eu disse, me come direito porra, de novo. Ele olhou para os outros dois, riu, me virou de frente e veio. E aí tudo aconteceu rapidinho.
               Como se eu tivesse uma familiaridade muito grande com o que fiz, peguei a faca e empurrei na barriga dele enquanto ele me penetrava. Antes que ele pudesse gritar beijei-o na boca e mordi sua língua arrancando tudo. Eu estava com o capeta no corpo, só pode. Os caras vendo ele se contorcer acharam que ele estava gozando. Usei toda força que eu podia para virar o corpo do canalha comigo por cima e me estiquei como que gozando loucamente para pegar a arma dele. E os babacas achando que os sons guturais que ele emitia eram de gozo. Não eram de gozo. Eram de morte. Da morte dele chegando. Dizem que atirar é fácil. É só você apontar a arma e apertar o gatilho. Pois foi o que fiz. Puxei a arma, me virei e esvaziei a arma na direção dos dois canalhas. Mandei os dois pro inferno em que eu já me encontrava.
               Levantei, cuspi a língua do sujeito fora e olhei em volta. Aquilo ia dar merda se os vizinhos chamassem a polícia. Como eu já estava fodida, metaforicamente e literalmente, resolvi fazer o que diz a música do Legião Urbana, entrei de vez naquela dança. Tirei a faca do bucho do malandro, a arma sem munição e as duas armas que encontrei com os outros dois e coloquei tudo numa mochila. Fui até a cozinha e vi minha mãe dando sinal de vida. Puxei uma das armas da bolsa, encostei na têmpora dela, fechei os olhos e, pra que eu ia fechar os olhos? Quero ver os miolos dessa vagabunda se espalharem na mesa. Atirei na cabeça. Espalhou massa encefálica por todo canto. Foda-se. Peguei todo dinheiro que tinha comigo, na carteira da morta e dos mortos e parti pra rua. Acho que nenhum vizinho quis se dar conta dos tiros. Melhor assim. Fui embora pensando em minha próxima, ou melhor, próximas vítimas. Já que eu tava com o cão no corpo ia fazer o serviço completo.
               Toda empresa que se preza possui um quadro de segurança eficaz. Mas que homem não abre uma brecha quando vê um belo par de pernas abertas para ele? Pois bem, usei meus dotes, abri as pernas pro segurança da empresa que eu trabalhava para ele me deixar entrar e fazer uma surpresa para o meu diretor. Felizmente ele ainda não sabia que eu tinha sido demitida. E enganá-lo dizendo que tinha esquecido meu crachá foi fácil. Deixei ele se refestelar entre minhas pernas, afinal já tinha conseguido entrar na empresa, que era o que eu queria, e esta seria a última buceta que ele ia comer na vida mesmo. Assim como fiz com o traficante, enfiei-lhe a faca, mas neste com mais requinte, no pescoço. Ele não teve reação, ou melhor, teve, gozou assim que a faca entrou. Confesso que foi interessante. Levantei, olhei o relógio, vi que tinha alguns minutos e fui tomar um banho aproveitando que estava no alojamento da segurança.
               Depois de limpinha, saí do alojamento trancando a porta com a chave do morto e subi para o andar onde trabalhava. Toda noite o diretor fica até mais tarde comendo a Fátima e hoje com certeza não será diferente. E não foi. Cheguei no salão e estava tudo escuro. Só a sala do diretor tinha luz. Cheguei devagar e colei o ouvido a porta. Eles gemiam. Ela como uma cadela. Ele como um vira lata. Abri a porta e entrei. Eles se assustaram. Ele me perguntou o que eu estava fazendo ali sem nem tirar o pau de dentro dela. Ela, de quatro na mesa, fez a mesma pergunta “o que está fazendo aqui, vadia?”. Eu tive que rir. Ela de quatro, com uma pica dentro do cú, me chamando de vadia. É pra rir mesmo. Puxei a arma e apontei para os dois. O diretor ficou branco. A Fátima desmaiou. Ou fingiu que desmaiou. Ele gaguejou que ia chamar a segurança. Caminhei na direção dele. Ele tremia. Caiu sentado na cadeira quando fiquei a dois passos dele. Vai me matar porque te mandei embora? Não. Vou te matar porque você é um filho da puta. Dei um tiro na cara dele. Muito fácil matar alguém. Além de fácil foi revigorante. Me senti leve. Olhei para a Fátima e seu corpo tremia todo. Como eu disse, ela fingiu um desmaio. Perguntei para ela como ela queria morrer. Ela não respondeu. Encostei o cano da arma no ânus dela. Ânus? E desde quando vagabunda tem ânus? Enfiei o cano da arma dentro do cu dela e apertei o gatilho. Ela deu um grito tão alto que daria para acordar os mortos.
               Saí da sala pronta para ir embora com uma sensação incrível de paz. Nunca pensei que um dia ia fazer tanta coisa incrível. Tudo bem, tanta coisa bizarra, mas que não deixou de ser incrível. Porque incrível é aquilo que não se consegue acreditar, segundo o dicionário. Ah foda-se o dicionário. Foi incrível. E é isso que importa. Assim como foi incrível o que veio depois. Um segurança saiu pelo elevador e deu de cara comigo. Ou eu dei de cara com ele. Parada, mão na cabeça. Solta a arma. Confesso que demorei a registrar a cena. Solta a arma. Soltei. Olhei para ele com cara de mulher que quer dar. Ele piscou. Me olhou de cima embaixo. Pensei “ganhei”. E sorri para ele. Ele piscou de novo. Disse para ele “me come”. Ele veio em minha direção e me mandou virar de costas. Virei. A pancada em minha nuca foi violenta. Apaguei. Acordei algemada dentro de um camburão. Eu não devia ter saído da cama hoje.
Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 17/07/2014
Alterado em 28/09/2015
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